Mutações
Se agora tu me escarras fel no rosto,
o amargo fel que, dentro em ti, cultivas,
e desse jeito sórdido te esquivas,
deixando tanto ódio a mim exposto;
expressas teu desprezo, por suposto,
com tais palavras duras, negativas,
que atiras, contra mim, entre salivas,
essências de rancor, de teu desgosto,
outrora me beijavas e dizias,
que tanto desejaras, anos, dias,
o meu amor, a tua eterna amante.
A vida é mesmo assim, transmuta tudo,
até a tua voz, que era um veludo,
o jeito altivo, único, elegante.
Brasília, 17 de Janeiro de 2013.
Sonetos diversos, pg. 88
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 17/01/2013
Alterado em 21/08/2020