Peregrino
As pedras cortam, sangram rudes pés,
e formam grandes bolhas doloridas,
em meio a velhos calos e feridas,
caminhos sem retornos. Um revés
nos sonhos, fantasias coloridas,
(bem mais do que as araras-canindés)
que foram esgarçadas, de través,
restando apenas rotas vãs, perdidas.
A vida, que sonhara generosa,
tornou-o triste andrajo peregrino,
a suportar as dores e sangrias.
Sangrando vai, na estrada pedregosa,
a sustentar o fardo do destino,
sem sonhos, esperanças, fantasias.
Brasília, 4 de Janeiro de 2013.
Livro: Cantos de Resistência, pg. 65
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 04/01/2013
Alterado em 02/08/2020