Saracura
Edir Pina de Barros
É fim de tarde, canta a saracura,
no verde saranzal que beija o rio,
ciscando o solo, úmido e sombrio,
com tanta graça, cheia de mesura;
com seu jeitinho tímido e arredio,
às verdes folhas logo se mistura,
buscando algum bichinho, que procura
e apresa, mata a fome em pleno estio.
Três potes canta sempre, todo dia,
às margens das aguadas pantaneiras,
no fim do dia ou no raiar da aurora.
O canto, grave, intenso - uma poesia-
ecoa-se no espaço, em suas beiras,
ressoa na alma e nunca vai se embora.
Brasília, 2 de Janeiro de 2013.