Confissões (VIII)
Sou lavadeira, as minhas mágoas lavo
nas águas de meus prantos corredios,
na minha tez, fluentes feito os rios,
por conta de um penar, de algum agravo;
a minha própria dor exploro e escavo,
buscando os seus recôncavos sombrios,
os ângulos profundos, fugidios,
por onde medra o fel em cada favo,
e brota nos meus olhos, nos seus cantos
(as lágrimas, da dor, são testemunhas),
e tomba em minha tez, silente e grave;
eu lavo minhas mágoas com meus prantos,
enfrento a dor e cravo nela as unhas
até que se esvaneça, que se acabe.
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 18/12/2012
Alterado em 27/08/2020
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