Textos



Carta de amor (5)
Edir Pina de Barros

 Eu li a tua carta, que respondo agora
neste momento de
silêncio – estou mais só -
lá fora já desponta a purpurina aurora,
e ciscam, no quintal, filhotes de socó; 

 
está viçando tudo no terreiro afora,
pipilam no arvoredo anu, japu, jaó
e mais além, o bem-te-vi e chororó
e, de saudade,  teu cachorro uiva e chora;
 
a chuva tem molhado as roças e as campinas,
e no cerrado  s’ abrem flores pequeninas,
que soltam seus aromas, perfumando o ar;
 
o rio está mais cheio e sobem matrinxãs
buscando seus berçários. Todas as manhãs
eu fico na janela, sempre a te esperar.


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Imagem: japu,  acervo Wikimedia Commons
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 28/10/2012
Alterado em 19/12/2016
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