Seriema
Edir Pina de Barros
Rainha do Cerrado, a seriema
- de porte belo, clássico e imponente –
desfila majestosa e está presente
nas modas sertanejas, velho tema.
Bela plumagem, longa e resplendente,
empresta-lhe nobreza rara e extrema,
um verso que escapou de algum poema
que os olhos podem ler e a alma sente.
Bico vermelho, andar airoso, altivo,
belas pestanas, terno olhar tão vivo
que a tudo espia sob a luz solar.
Com seu cantar belíssimo e estridente,
quando perigo ou chuva ela pressente,
ao camponês avisa, a gargalhar.
Brasília, 8 de Setembro de 2012.
Livro Poesia das Águas, pg. 86
(FOTO: Magro Costa)
Nota:
Seriema de Mato Grosso/ teu canto triste me faz lembrar... estaria triste o autor dessa letra? Eu sempre senti o canto da seriema mais como uma gargalhada... Sabe que ela pode ser domesticada? Um índio Bakairi, certa vez, domesticou uma seriema. Ela andava com seu filhinho de uns 4 anos. A seriema, um dia, cantava no meio do pátio e ele a imitava... E todos riam, encantados, com a beleza da cena. Para mim, a seriema gargalha, como gargalhamos aquele dia. Nesse soneto havia encerrado com o verbo gargalhar. Depois me lembrei da música - canto triste - e mudei para cantar. Mas resolvi assumir essa outra forma de ver e sentir a seriema porque a leitura que eu tive foi em uma aldeia, porque assim aprendi a sentir. Isso reafirmou minhas emoções sentidas na tenra infância, quando ouvia, nos cerrados do Mato Grosso, o canto da seriema: uma alegria imensa. Outra leitura.
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 08/09/2012
Alterado em 17/07/2020