Céu e mar
Meu corpo é mar bravio e tenebroso,
repleno de armadilhas impensáveis,
e revoltosas ondas, indomáveis,
quebrando-se no abismo portentoso.
Meu corpo é mar profundo, venturoso,
um poço de desejos insanáveis,
despudorados, sim, inconfessáveis:
um pélago do amor, delírio aquoso.
Assim sou eu, um mar demais bravio,
inexplorado mar sem fim, sandio,
a se explodir em ondas de desejo.
Minh’alma é céu, meu corpo verde mar
quebrando-se, jocoso, a se escumar,
de um jeito tão febril e tão sobejo.
Brasília, 20 de Agosto de 2012.
PURA CHAMA, pg. 107
Sonetos selecionados, pg. 61
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 21/08/2012
Alterado em 19/06/2020