Presságio
Aos Kurâ-Bakairi
A noite está um breu e tão silente,
os pássaros calados no arvoredo,
pararam as araras seu folguedo,
parece até que a vida está ausente.
É tão grande a quietude, consistente,
que chega até a impor, aos índios, medo,
na escuridão – um poço de segredo –
não se vê nem sinal de vivo ente.
E, de repente, corta a aldeia, um pio
de uma coruja, tão tristonho e agudo,
que causa, em cada qual, um calafrio.
O pio da coruja fala tudo:
a morte levará mais um gentio
no seu etéreo manto de veludo.
Brasília, 15 de Agosto de 2012.
livro Cantos de Resistência, pg. 35
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 15/08/2012
Alterado em 02/08/2020
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