Sem terra, sem destino
Sem terra, sem destino, segue adiante,
olhar perdido em busca de horizonte,
depois de haver sofrido vil desmonte
da farta vida alegre, confortante..
Agora expressa dor em seu semblante,
ficou o nada, em seu viver insonte,
- só marcas do penar retém na fronte -
e agora é pobre ser, um mendicante,
vagando, só, nos becos da cidade,
outrora um camponês trabalhador
de olhar vivaz e as mãos bem calejadas.
E ao caminhar se lembra, com saudade,
de seu gadinho, o cheiro, o doce olor,
mugindo no raiar das madrugadas.
Brasília, 25 de Julho de 2012.
Livro: Cantos de Resistência, pg. 64
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 25/07/2012
Alterado em 02/08/2020