AREIA MOVEDIÇA
Marco Aurelio Vieira
Areia movediça que me engole
paixões, essências, ânsias, incertezas,
conflitos, credos, gritos e estranhezas,
esputa a mescla e impede que me evole...
Mistura o todo ao tudo que me acolhe...
Meus pensamentos nobres, de levezas...
Das crenças, esperanças e purezas,
sufoca dom qualquer que me console...
Eu me debato inteiro, endoidecido
no mar de grãos de areia fementido
e mais e mais me afundo em seu furor!
Ouvi, meu Pai, o filho que vos roga:
Salvai a minha vida que se afoga
na areia movediça do temor!
Ciclos 29
Edir Pina de Barros
A vida, meu poeta, é movediça,
- areia movediça traiçoeira -
e traz tanta emoção na sua esteira
que o medo de viver, por vezes, viça.
Mas temos que partir de uma premissa:
a vida é boa e passa tão ligeira,
que temos que vivê-la por inteira,
sem medo, sem receios, sem preguiça.
A vida, meu amigo, é frágil rosa,
tem seu perfume, mas também espinho,
que sangra a terna mão que a acaricia.
Se a vida é movediça e caprichosa
vamos sorvê-la como o puro vinho
tragando-a devagar, com maestria.
Brasília, 2 de Abril de 2012.
Livro: CICLOS, pág. 53
Sonetos Selecionados, pg. 91
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 02/04/2012
Alterado em 09/09/2020
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