Sangria (2)
Sonhar? Jamais sonhei na vida minha
depois daquele dia em que partiste,
pois tudo se tornou cinzento e triste,
e agora só saudade em mim se aninha.
E sigo os meus caminhos, tão sozinha,
levando, dentro em mim, a dor que insiste
sangrar-me com punhal, ou lança em riste,
roubando toda a paz e a luz que eu tinha.
Sonhar? Enquanto sangra-me a ferida?
Enquanto a alma chora agonizante
e tudo morre aos poucos dentro em mim?
Sonhar, sentindo, em tudo, o próprio fim
de teu amor, ausente, tão distante...
Mas como, enfim, sonhar morrendo em vida?
Brasília, 8 de Janeiro de 2012.
Seivas d'alma, pág. 110
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 08/01/2012
Alterado em 16/08/2020
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