Textos


Sonhos e quimeras

Embora eu viva entregue à vã quimera
sabendo que se esgarça tão depressa,
eu pago o preço desses sonhos meus,
porque viver sem tê-los eu não vivo,
e morro-me de tédio, de tristura,
qual sol que triste cai no fim da tarde.

Quem sabe seja, para ti,  já tarde,
e não suportes mais qualquer quimera,
por ser raiz de mágoa, dor, tristura,
que invade nossos dias, tão depressa,
mas, meu amor, sem sonhos eu não vivo,
vazios ficam, sim, os dias meus.

Assim cultivo os ledos sonhos meus,
pintados com os tons de fim de tarde,
mantendo, cada qual, em mim mais vivo,
- porque viver também é vã quimera - 
sem eles vou sentir demais tristura,
e a morte há de chegar bem mais depressa.

A graça de viver se vai depressa
se dentro em mim eu mato os sonhos meus,
para sonhar, meu bem, jamais é tarde,
e sem amor a vida é uma tristura,
o amor é que mantém o sonho vivo, 
por ser a pura essência da quimera.

Não temas, não, sonhar, manter quimera,
pois tudo vem e passa tão depressa,
e deixa, dentro em nós, um tom mais vivo.
Eu amo, sim, sonhar os sonhos meus,
porque me esqueço, enfim, dessa tristura
desse arrebol em mim, na minha tarde.

O amor jamais nos chega muito tarde,
mesmo que seja sonho,  vã quimera,
que deixe dentro em nós qualquer tristura
daquelas que não passa, não, depressa...
Oh! Deixem-me sonhar os sonhos meus!
Sentir meu coração bem mais que vivo.

Esvai-se a vã quimera mui depressa?
Sem ela e os sonhos meus também não vivo,
e sinto dor,  tristura ao fim da tarde.

 Brasília, 04 de Setembro de 2001.

Livro: REALEJO, páginas 60 e 61


 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 04/09/2011
Alterado em 25/07/2020
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