Obscena
Edir Pina de Barros
Obscena
Veneno não te falta em tua veia,
correndo livre pelo corpo todo,
tão denso e tão viscoso – puro lodo -
contido em teu sorriso de sereia.
Na veia tua corre só veneno,
que dentro em ti cultivas e destilas,
e lanças pelo olhar, pelas pupilas,
de jeito disfarçado, vil, pequeno!
E com palavras falsas, coloridas,
nos teus mortais venenos embebidas,
manténs os que te adoram na coleira.
Areia movediça, traiçoeira.
tens jeito de uma mosca varejeira
que deposita larvas nas feridas.
Brasília 27 de Julho de 2011.
Sonetos Diversos, pg. 74
Eu sei quanto me odeias, mas decerto
Presumo que talvez em nova face
A vida com certeza te mostrasse
Mortalha que deveras eu deserto,
E bebo este futuro mesmo incerto,
Sem ter sequer um desenlace
E o todo que deveras transformasse
No tempo aonde possa estar desperto,
E tanto quanto deva e me completo,
Por mais que eu te pareça qual inseto
No fundo sempre um torpe sonhador,
Que arrasta-se qual larva vida afora
A podridão que aos poucos me devora
Eclode em crisálidas do amor.
Marcos Loures
Desencontro
Edir Pina de Barros
Quisera conhecer teu outro lado,
que nunca pude ver porque tu eras
apenas um cordeiro, entre as feras,
sozinho e pelos cantos, mui calado;
quisera conhecer as primaveras
de teus amores, como eu hei sonhado,
teu lado oculto, nunca revelado,
mas me cansei das dores, das esperas.
Depois de tanta espera e tantos prantos,
sem ter os teus amores, teus encantos,
perdi-me nas veredas da incerteza.
E agora, que me vens, sem ter pudor,
rompendo as mil crisálidas de amor,
eu trago em mim o outono da tristeza.
Brasília, 1º. de Setembro de 2011.
Sonetos diversos, pg.62
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 01/09/2011
Alterado em 21/08/2020
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