Marcas do passado
Se tu te arrastas pelos becos, sorrateiro,
em nome desse amor, que foi em vão sentido,
por certo que, demais, eu hei também sofrido,
e a própria insanidade, tão sozinha, beiro.
E vivo a me lembrar do instante, derradeiro,
no qual contigo estive e fui feliz, querido,
e agora se resume a mero tempo ido
(a cinza que ficou, no fundo do cinzeiro).
Perdida vivo, assim, nas sendas do passado,
levando no meu peito imensa nostalgia,
enfado, e sem sentir por coisa alguma gosto.
E o mais dourado sonho meu? Amortalhado.
Também se foi! Morreu em mim... Mas hoje em dia
ainda estás em mim, nas marcas do meu rosto.
Brasília, 27 de Julho de 2011.
Seivas d'alma, pág. 114
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 27/07/2011
Alterado em 17/08/2020