XXIV
Se a sorte se transmuta em vã mentira,
trazendo-nos um mar de desenganos,
profundos, impiedosos, tão tiranos
e os nossos ledos sonhos nos retira...
Se altera nosso rumo, enquanto gira,
e roda, sem cessar, anos e anos,
deixando, no seu rasto, perdas, danos,
e apaga, desta vida, o fogo, a pira...
Se o tempo, enfim, nos mostra a dura face,
plantando, dentro em nós, tamanho impasse,
sigamos, sem receios, destemidos:
se a vida nos sorriu em tempos idos,
e agora, assim, nos deixa desvalidos,
nos resta, da saudade, o doce enlace.
Brasília, 10 de Junho de 2011.
Livro: CICLOS, pg. 48
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 10/06/2011
Alterado em 09/09/2020