Soneto de Marcos Loures
Porquanto a vida seja tão mutável
Enfrentaremos vários descaminhos
E mesmo quando os vejo tão daninhos
O tempo noutro instante é mais amável.
O solo que pudera ser arável
E os ermos entre rosa e seus espinhos
Transcende aos vagos passos que; mesquinhos,
Tornaram minha angústia interminável.
Mas sei quanto pudera ter em paz
O todo que deveras já se faz
Num cântico pacífico e suave,
A vida se eclodindo qual crisálida
Que deixa esta figura quase esquálida
E segue muito além qual fosse ave.
Resposta de Edir Pina de Barros
Feito ave
Edir Pina de Barros
Nos ermos entre a rosa e seus espinhos
existe um mundo denso, indecifrável,
cortado por veredas, mil caminhos,
etéreo e imperecível. Impalpável!
E nele o tempo é longo, interminável,
sem torpes pensamentos, tão mesquinhos,
sem dores, sem penares, inefável,
pra onde vamos todos, aos pouquinhos.
E assim a vida explode no universo,
transcende a vil matéria, vai aos céus,
e corta os seus espaços longe voa.
E quando, algum poeta, o canta em verso,
esgarça, desse mundo, tantos véus
que sua alma vai feliz, avoeja à toa.
Brasília, 1° de Junho de 2011.
Livro: Sonetos Diversos, pg. 16
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 09/06/2011
Alterado em 19/08/2020