Agosto (3)
Edir Pina de Barros
Minh’alma é triste como o gris agosto,
de céu pesado e todo esfumaçado,
e o chão cinzento, todo calcinado,
o rio seco, todo leito exposto.
É triste, como a seca no cerrado,
trincado, como a pele do meu rosto,
tamanha a dor o fogo lhe tem posto,
deixando-o desse jeito, amortalhado.
É triste, muito triste, por suposto,
por tudo que essa vida tem me imposto,
imensas perdas, íntimas, sem fim
A chuva irá cair – um pressuposto –
e levará, decerto, tal desgosto,
mas ora tenho o agosto dentro em mim.
Brasília, 29 de maio de 2011.
Estilhaços, pg. 84
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 29/05/2011
Alterado em 17/10/2020