Desgosto
E se entregou sem pejos, com ternura,
àquele que seria o seu algoz,
mas que trazia tanto mel na voz,
e transparência, feito a água pura.
E com paixão se deu, sem medos, pejos,
qualquer malícia, dúvida ou receio,
sem calcular princípio, fim ou meio,
levada pela força dos desejos.
E se passaram longas noites frias,
a dor escureceu também seus dias,
porque jamais revira aquele rosto.
Em meio as finas sedas alvadias,
seu corpo, enfim, jazia, descomposto,
tamanha fora a força do desgosto.
Brasília, 08 de maio de 2011.
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 08/05/2011
Alterado em 27/01/2013