SER FELIZ
A arte de ser feliz
É coisa que não domino,
Por vezes me amofino,
Ou fico até infeliz!
Quem me vê assim não diz,
Mas no peito trago a mágoa,
Que dentro d’alma deságua,
Vai formando um pantanal,
De profundeza abismal
Tamanho de minha frágua!
Ser feliz é uma arte,
Como se fora uma tela,
Um portal, uma janela,
Ou quiçá um baluarte,
Um labirinto, uma cela
De acesso estreito, invisível,
Quiçá mesmo intransponível...
Ser feliz é para poucos,
Para poetas e loucos
Que sonham com o impossível!
Se eu tenho agora alegria,
É porque canto e versejo,
Sem ter peias, sem ter pejo,
Vou compondo esta poesia,
Filha de minha boemia!
Vou buscando em meu avesso,
Um mote, um belo começo,
Um tema, um bom refrão,
Que brote no coração,
E que sem pressa entreteço!
Cada verso cardo e urdo
Tecendo trova e cordel
com a doçura que é do mel,
Ainda que seja absurdo,
bem chinfrim, horrível, burdo
o que escrevo sem pensar,
pois não sei me expressar...
Feliz eu sou nessa hora,
Quando minha lira chora,
E eu escrevo sem cessar!
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 27/08/2010
Alterado em 08/02/2017