Náufraga!
Soçobro em alto mar, perdi tudo o que quis,
agora vivo assim, como se fora atriz,
nas altas ondas vou - eu vivo por um triz -
ao léu, eu jogo o véu, e vou sem diretriz.
Sorvendo o amargo fel, já fiz e já desfiz,
ferido está meu ser (sou pura cicatriz)
feliz já fui matriz, mas quem me vê não diz.
Hoje naufrago só, não quis mais ter raiz,
não quis mais ser feliz, sou só uma aprendiz.
Em mim mato e sepulto os versos que não fiz.
Brasília, 7 de Agosto de 2010.
Livro REALEJO, pg. 103