Viver não pude
Do amor sorvi o fino e raro mel,
- e aos deuses agradeço por tal graça –
e, por amar demais rasguei o véu
do pejo e espedacei sua mordaça.
Também demais bebi na fina taça
o seco vinho tinto, o amargo fel,
e fui ao chão, depois de estar no céu,
joguei, confesso, pedras na vidraça.
Senti ciúme, até ferver meu sangue,
fui terna, doce, calma, pura, langue,
acreditei no amor, em todo mito;
não pude, não, viver sem dar um grito,
daqueles que estrugindo no infinito,
a nós retorna feito bumerangue.
Brasília, 1º. de Julho de 2010.
Seivas d'alma, pág. 68
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 01/07/2010
Alterado em 16/08/2020