Causo de amor perdido
Foi numa festa junina
que encontrei quem mais amei,
de longe logo avistei
o seu jeito de menino,
seu porte de bailarino...
Era um moço bem formoso,
de olhar firme e fogoso,
mas repleno de candura,
dono de bela postura,
um moço bem carinhoso!
Espreite-o assim com jeito,
como quem não quer mais nada,
mas fiquei tonta e encantada,
o chão pareceu-ne estreito,
senti-me fraca, açoitada
pelo seu olhar tão terno,
naquele momento eterno
de noite escura e estrelada,
sonhei ser a namorada
naquele tão frio inverno...
Passou São Pedro, São João
Santo Antonio, meu padrinho,
lembrava com amor, carinho,
bem dentro do coração...
Nao me esquecera, não,
daquele olhar, do seu jeito,
de lembrar fremia o peito,
se dormia já sonhava
por seu amor eu clamava
e despertava em meu leito...
Até que um dia, por fim,
nos encontramos na noite,
trocamos um beijo afoite,
na penumbra e sem alarde,
jurou-me amar muito a mim...
E foram meses , anos,
de gestos mil, tão corteses,
de dias prenhes de glória
que hoje trago na memória,
em meio aos desenganos...
Mas amei e fui amada,
fui feliz e dei amor,
dei carinho, dei calor,
vive bem e enamorada,
e tão alegre e encantada...
Na festa junina sinto
uma saudade imensa,
grande, profunda, extensa...
Foram-se os dias felizes,
que viraram cicatrizes
E deixam-me triste e infensa...
Santo Antonio, meu padrinho,
sua benção necessito,
meu coração anda aflito,
vazio anda o meu ninho
de amor, ternura e carinho...
Por favor, traga pra mim
um novo amor curumim,
que apague dentro do peito,
aquele amor... Dá um jeito
Não posso viver assim!
Edir
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 24/06/2010
Alterado em 24/06/2010