Textos


Canto de Agonia 

Como se eu fora a branca e cheia lua,
distante e só olhando para a terra,
mirando os vãos, planaltos, rios, serras,
os  mares, a trincada pele nua;

do espaço sideral, que o encanto encerra,
eu vejo o velho ventre, onde se estua
o fel da morte em tudo que possua,
o edaz destino dessa humana guerra.

Oh! Gaia mãe! Tristonha é a tua sorte!
Sangrada por mãos torpes, vis e brutas,
montanhas, rios, matas, serras, grutas.

Aos poucos, sem que vejas, te transmutas,
e não és mais a mãe perene e forte:
de longe espio e assisto a tua morte.
 
Brasília, 22 de Fevereiro de 2010.


Livro: Cantos de Resistência, pg. 77
Ciclos, pg. 16
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 22/02/2010
Alterado em 02/08/2020
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