Peleja
Agora choro mais não
ó, meu amigo querido,
distante tenho vivido,
andando pelo sertão,
só dói no meu coração
tudo que assisto, que vejo,
com o povo sertanejo...
Mas volto aqui para vê-lo,
deixar minha marca e selo,
e cantar como realejo!
Não fico me lamentando,
eu sou guerreira atrevida
desafio a própria vida
alegre, feliz, cantando,
sempre firme vou lutando!
Conflitos de terra vejo,
atingindo o sertanejo,
os índios, os quilombolas,
que lutam por terra e escolas
gritando sem medo, pejos
Canto o meu grito de dor,
lamento tão triste fado,
de quem nas mãos de safado
conhece a força do horror...
Ora! Ora! Por favor!
Depois de tanto andejar,
vim aqui pra versejar,
rever-te, meu caro amigo,
trocar versinhos contigo:
contigo eu vim pelejar...
Desafio-te a falar
dos campesinos sem terra,
do povo que vaga e erra,
sem ter comida e lugar
onde um barraco fincar!
Fala-me de teu sertão,
como vive o teu povão,
tão cansado e bem sofrido,
conta-me lá, meu querido,
amansa meu ser dorido,
acalma meu coração...
Brasília, 07 de Fevereiro de 2010.
Edir Pina de Barros
Livro - REALEJO, pgs. 97-98
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 07/02/2010
Alterado em 25/07/2020