Alô! Alô! Brasil!
Estou aqui no planalto
onde de tudo acontece
onde o poder é uma prece,
dos que ocupam cargo alto
só pra cometer assalto
deixando o povo na mão,
esbulhando o cidadão,
que paga salgado imposto
e traz vincos em seu rosto,
sem ter lar, salário e pão.
Seguridade não tem,
não tem planos de saúde,
vive sofrendo, amiúde,
tentando fazer o bem,
como se espera e convém.
Desemprego tem de monte,
não tem mais água na fonte
dos caminhos desta vida,
sem alimento, guarida,
sem direitos, horizonte.
No Planalto tudo em paz,
vias limpas, saneadas,
todas tão ajardinadas,
como se vê nos jamais
e tem muito, muito mais.
tem palácios, palacetes,
todos com finos tapetes,
monumentos tão pomposos,
são tantos, tão modernosos,
com salões para banquetes.
A cidade é perfumada,
tão cheia de luzes, fontes,
tem as mais modernas pontes,
de pobreza não tem nada,
é bem limpa, faxinada.
Bem distantes vivem pobres,
longe das vistas dos nobres,
só vêm ao plano piloto,
pra limpar sujeira, esgoto,
e ganhar seus parcos cobres.
Brasília, 28 de Dezembro de 2009.
Livro Cantos de Resistência, pp. 116 e 117
Olhando assim dá vertigem,
Nos causa o ódio popular,
Cambada de marajás,
Assaltantes da pobreza,
Vosso títulos de nobreza,
É banhado com o suor,
Do homem que morre só,
Comido pelos tapurus,
querendo vaga no SUS,
falecendo antes da hora...
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 28/12/2009
Alterado em 02/08/2020
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