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MINHA VIDA, MEU ESPORTE

Sou cabocla, tabaroa,
meu esporte é diferente,
eu lido com muita gente,
não caminho ao léu, à toa...
Vivo em cima de canoa
sobre rios pedregosos,
com saltos tão perigosos...
sobrevoo bem rasante,
procurando a todo instante
invasores ardilosos...

Atravesso rio a nado,
caminho nas matas densas,
muito mais do que tu pensas,
com negros, índios ao lado,
em terreno calcinado.
De voadeira eu ando,
com só índio no comando,
Antropóloga e perita,
Subo serra, qual cabrita,
E tudo, tudo observando!

Banho nos rios, nadando,
cato frutos lá da mata,
procurando quem desmata,
terra interdita explorando,
madeira e ouro tirando...
Seu moço, vou te contar
minha vida é caminhar,
atendendo só juízes,
honrando minhas raízes,
para a justiça ajudar.

Começei a vida moça,
meu esporte é meu ofício,
que exige tanto exercício,
morar em humilde palhoça,
buscar comida na roça...
sem água encanada ou luz,
onde a lua bem reluz...
Com índio, com quilombola,
o mundo é minha escola,
que o meu verso bem traduz!

Embora seja doutora
sou simples, não orgulhosa,
uma cafuza amorosa,
Com uma fé imorredoura!
Minha vida me entesoura,
vivendo culturas mil,
lutando contra o que é vil.
Minha vida é meu esporte,
andando de sul a norte
por esse imenso Brasil!

Edir Pina de Barros
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 13/12/2009
Alterado em 13/12/2009
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