Moro há mais de vinte anos nessa casa e todos da vizinhança sabem que sou professora universitária e escritora, a única do pedaço...Também sempre estou na televisão dando entrevistas sobre os povos indígenas e as frentes econômicas que os alcançam. Sou, enfim, uma pessoa muito pública.
Ali, lidando com as rosas e roseiras, posso sempre ouvir comentários de que não necessitaria fazer tal serviço.
Eu é que fico perplexa! Como poderiam eles pensar que essas rosas que tanto admiram brotam do nada?
Eu adoro mexer com a terra, acariciar minhas rosas, cuidar de meu jardim!
Sim, eu poderia pagar um jardineiro! Mas elas não seriam as mesmas, com certeza!
Porque, neste mundo, as pessoas querem as rosas, mas não querem tratar das roseiras? Para mim isso é um grave problema, de ordem existencial, filosófica! Sem lidar com a terra, sem podar as roseiras... eu nem consigo escrever! Escrever e cuidar de rosas são, para mim, tão importantes como respirar.
E o mais interessante é que as mesmas pessoas que manifestam perplexidade por me dedicar ao cuidado das roseiras, são as mesmas que admiram as centenas de rosas multicoloridas e que, por vezes, me pedem algumas...
Vá entender a humanidade!
Esta rosa é de meu jardim e eu a fotografei!