Flor do Cerrado
Edir Pina de Barros

 
Flor do Cerrado sou e aqui eu canto
os versos que escrevi sem iras, sanhas,
libertos de malícias, de artimanhas,
guiados pelo amor, que é sacrossanto.
 
Eu sou a simples flor desse recanto,
que nasce sem plantio das entranhas
da terra-mãe, do ventre das campanhas,
nas rachas,  onde viço e me levanto.

Ressurjo no terreno calcinado,
nas cinzas do capim carbonizado,
que a chuva, generosa, beija e afaga.
 
Renasço das raízes do passado,
da seiva que escorreu da minha chaga,
por entre pedras, paus, fuligens, praga.




 
 

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