Textos


Mutações
Edir Pina de Barros
 
A costurar eu levo a minha vida
cerzindo dores velhas, esgarçadas,
fazendo vários nós e mil laçadas
com linha fina e forte, colorida.
 
Cerzir, bordar... Agora é a minha lida,
e assim eu passo os dias, madrugadas,
tecendo rendas tantas, impensadas,
e com serenidade desmedida.
 
A vida transformou-me em bordadeira
mas já forjei o ferro na caldeira
e tinha as mãos pesadas – mãos de aço.
 
Das dores todas hoje me desfaço
cerzindo-as ponto a ponto, laço a laço,
bordando flores, sempre, em sua esteira.
 
Brasília, 23 de Novembro de 2015.
Versos alados, pg. 65
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 23/11/2015
Alterado em 21/08/2020
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